quinta-feira, 26 de março de 2009

O Monstro

Eu costumei sonhar bem alto
Até cair bem fraco
Desiludido e desalmado
Partido em pedaços

Eu queria ser brilhante
Especial, promessa infante
Ser a Vênus radiante
Não me cumpri (insignificante)

Cultivei de pequeno os sonhos de revolução
Ser presidente, herói ou símbolo da nação
Cansado de ouvir dos quatro cantos reclamação
Chorei diante de minha fraqueza e solidão

Fui louco por que quis mudar
Contra os acomodados, dei azar
Os tais espertos, perversos e falsos
Valiam mais e eu era o rato

Os outros, risonhos, tinham deus por suas vidas
Foi quando percebi que ele não existia
Meu mundo caiu, morreu, de novo
Não havia sonho a cultivar na desgraça do povo

O povo: dobrado; Meu sonho: rasgado
Um homem sem sonhos, por tanto acabado
Que nem se pode chamar homem
Não lhe cabe um nome

Que patético sou
Sonhei tão alto, nada mudou
Sonhei campanhas, me tornei escravo
Quis fazer melhor, não fui selecionado

Não cultivei meus amores
Incapaz de saciar as dores
Tornei-me obscuro e fechado
Acomodado e mal amado

Um herege coitado
Vendo monstros idolatrados
Talvez por que eu seja o monstro
Faz sentido, por este lado


Uma visão pessimista? Não sei se ultrapassa a linha tênue da ignorância. Mas representa grande parte do que já senti e sinto, de vez em quando. Um emaranhado de traumas ridículos.

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