quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Vida, Musica e Sociedade

O mundo da musica é um comércio. Quando você escolhe ser musico, você quer viver disso e pra viver a gente precisa de dinheiro. Estamos numa sociedade capitalista, afinal. Porém, existe toda uma questão de caráter aqui que eu queria observar, que às vezes as pessoas esquecem ou querem ignorar. A sociedade, em si, é um amontoado de pessoas querendo se dar bem, com raras exceções daquela gente que ainda pensa no bem alheio, até levar pancadas o bastante pra se revoltar e mandar tudo pra “puta que o pariu”. E então essas pessoas são malucas, estão em desacordo com as regras e o padrão de ordem e progresso que move a civilização. Engraçado ver todas essas pessoas “normais” criticarem a mesquinhez dos homens, enquanto a praticam incansavelmente. Se nós, humanos, tivéssemos noção de como somos hipócritas...

Hipocrisia é a palavra chave da sobrevivência em sociedade. Melhor se dá aquele que sabe mentir bem, que sabe gesticular e interpretas mais personagens, assim agradando ou aliciando o maior número de pessoas, com as quais pode jogar com mais facilidade, comparsas no jogo da vida para garantir seu bem. É claro que isso só dá certo pra quem tem bens pelos quais trocar; favores. No jogo da sociedade, as moedas que move as peças no tabuleiro não são apenas aquelas físicas, que movem bancos, o comércio e bolsas econômicas. Mas a moeda dos favores, que são tão ou mais importantes que o capital em si. A “moeda dos favores” vai ainda mais fundo, no psicológico das pessoas pois, definitivamente, dependemos disso. É a peça fundamental que move todas as jogadas da vida nos negócios, na guerra e no amor. Enfim, essa é a imagem mais pura e clara que se pode ter das regras do jogo da sociedade. Por bem ou por mal, não passamos de cães famintos lutando por seu alimento. Existe um bem ainda, já que a vida em sociedade é realmente uma troca de favores mutua e não existiria de outra forma, então parabéns aos que tem jogo de cintura para se mantém bem, no ranking das relações publicas e pessoais. O mal está em se fazer isso sem sentimento real, só pensando no produto da troca, usando de todas as armas a disposição para nos criar sua falsa bolha de harmonia, e vivenciar uma fantasia de conforto que vai ser apenas outra ferramenta de compra, venda e troca em sua trama de jogador. Nesses casos, a ultima cosia que existe na cena é harmonia real.

A harmonia que nós vivemos não passa de um produto da troca de favores. Você me dá o que eu quero pra justificar minhas falhas e medos, e me dar prazer; e eu te retribuo com algo que queira ou tenha sabor/efeito, de momento, equivalente. Pode ser dinheiro.
Não que não haja sinceridade. Há em todos a necessidade da válvula de escape. Há de verdade aqueles que são sensíveis, carentes e emotivos; aqueles que são bondosos, generosos e amigos; aqueles que são alegres e gostam de alegrar, e os que ajudam, e os que amam... Mas há os que manipulam, os que estão apenas atrás do prazer momentâneo que resulta de suas ações. Bem que não duram tanto estas mascaras, e isso é o que vemos no fiel espelho rachado que reflete a sociedade. Porém alguns duram o bastante para causar o caos desejado e produzir os frutos almejados pelo seu inquisidor. Vemos assim relações se quebrarem como correntes carcomidas pela ferrugem, ou cordas sob as traças, plantações infestadas de pestes. Se não, vemos plantações vividas e frutíferas de árvores de plástico e resina, falsas e frias, cujo orvalho é de cristal e não mata a sede - ele rasga a garganta e as víceras dos que não tomam cuidado e arriscam-se com ele.

Essa é a sociedade. Cabe a quem ainda acredita no bem, defender seu ponto de vista, fazer o que gosta e ser idealista. Pois assim será feliz de verdade, ainda que sob a chuva incessante dos tiros que vem das armas das infelizes mascaradas.

Por fim, o mercado da musica é um mercado. Como o mercado dos computadores, ou o mercado dos livros, e das poesias, e dos suvenires, e das camisas de time de futebol, e tudo o mais. Pessoas vivem disso.

Por tanto... De onde vem a indignação?
Da falsidade. Das palavras que se ouve de quem você pensa poder confiar e descobre ser mentira. É como se a pessoa ignorasse que você tem alguma inteligência e então acha que pode ir por ai mentindo, manipulando e largando coisas sobre você achando que não haverão feridas. Pior é ver as pessoas que dizem ser tão “tr00”, fieis e descoladas, vendendo-se como prostitutas e fazendo musica que dizem, de boca cheia, não gostar.E tocar falando "oh, que belo trabalho eu fiz", praqueles a quem quer agradar. Essa hipocrisia que dá nojo, quando você nem sabe mais se pode acreditar nesta pessoa. A clara imagem do homem em uma trama, fazendo um papel que não seu “eu”, só pra ter no mundo algumas regalias, fingir ser feliz na enganação dos que ilude.

Por fim... Em todo mercado, é assim:

“Existem os que vedem o que gostam e existem os que gostam do que vende”

Fato.

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